sábado, 23 de julho de 2011

Como nos conhecemos? (parte 2) O dia que não termina


Era uma vez uma escolinha maternal chamada Maria Fumaça (na verdade, uma das primeiras pré-escola de Erechim, onde uma das diretoras era minha Tia Marfisa); lá haviam duas turmas: o maternal A e o maternal B. Depois de eu ter estudado no Jardim do Medianeira, para não repetir a série minha mãe resolveu me levar nesta escolinha tão simpática e acolhedora. Foi lá, com meus 4, 5 anos, que conheci uma menina muito bonitinha, muito braba, um pouco tímida e desajeitada, seu nome: Roberta. Éramos colegas, mas rivalizávamos demais, pois eu e a minha turminha vivíamos correndo, escondendo as bonecas das meninas, sujando seus lindos vestidinhos, inventando-lhes apelidos. A Roberta ficava muito brava e costumeiramente brigava e acertava umas em alguém da turminha, nunca comigo.
Talvez me respeitasse, ou será que era eu que a respeitava? O que acontecia? Não sei, nos mantínhamos distantes; não éramos namoradinhos. Foi um ano de convivência, brincadeiras, provocações; nos conhecemos... nos conhecemos??? Bom, nunca mais nos encontramos; eventualmente eu via a Roberta em alguns bailes, festas, enfim... talvez às vezes nem a reconhecesse, apesar de ótimo fisionomista. Até que  mais de 20 anos se passaram, e em uma festa em Erechim, a namorada de um grande amigo, insatisfeita com minhas "más companhias", resolveu apresentar-me uma amiga, mas sua observação: 'ela é muito alta pra ti'. 'Sem problemas', respondi e logo perguntei seu nome. 'Roberta Viero'. Fiquei um pouco surpreso. Conversamos sobre a Roberta, contei para a Ana e para o Romeu de nosso encontro na infância e rimos muito da coincidência. Fui embora da festa com a promessa de que a Ana me passaria o MSN da Roberta, porém meses se passaram e nada da Ana cumprir sua promessa. O que teria se passado? Qual a minha surpresa quando, ao invés de receber o MSN da Roberta, recebia a Roberta no MSN. Um susto! Não era este o combinado. Pensei durante um tempinho, o que fazer? O que teria dito a Ana? OK, vamos à luta! Aceitei o convite e começamos a conversar, conversamos durante aproximadamente um mês, nos conhecendo, ou reconhecendo? Um dia, uma bela tarde de primavera em Porto Alegre resolvemos nos encontrar, a Roberta saía de um plantão no Hospital Porto Alegre e eu estava em casa, possivelmente jogando video-game. Nos ligamos e combinei, 'eu levo o chimarrão e te encontro na Redenção'. Combinado... nervoso... por outro lado tranquilo, um bom papo estava garantido e a tarde de calor agradável também. Nos encontramos, eram mais ou menos 3 horas, caminhamos, mais ou menos sem rumo, como um casal que recém encontra-se pela primeira vez (?), um tanto desnorteados. 'Vamos sentar ali naquela árvore?' Acho que nunca vou me esquecer do rosto da Roberta na luz do sol se pondo no parque naquela tarde. Já escurecia e resolvemos ir embora, mas a conversa não terminava, assim no meio do caminho resolvemos tomar um sorvete, mais algumas horas de conversa, o nosso tempo imóvel parecia voar ao nosso redor. Era noite, propus levá-la em casa. No meio do caminho, ao som da trilha sonora do Shaft original, de 1971, vinha a minha cabeça uma comunidade do Orkut da Roberta: "CALA A BOCA E BEIJA". Puxa, foram horas e horas e não calamos a boca, seria um mau sinal? Era preciso tentar, a música conduziu, como uma dança e nos beijamos. Foi tarde, tarde o bastante para que nos despedissemos com a vontade de que aquele dia não terminasse, e não terminou... Ontem assistindo Meia-noite em Paris dei-me conta mais uma vez: como eu amo esta mulher!

7 comentários:

  1. Felipe e Roberta!
    É uma tarde de sábado, de sol quente depois de muitos dias de frio de renguear cusco, e me dou com essa poesia que o Fê escreveu aí em cima. Posso dizer que me levou aos dias que eu também queria que não acabassem mais. Acho que o caminho de vocês é dos bons: por mais que surjam os obstáculos, sempre vão lembrar do que os levou a caminhar juntos: a alegria de compartilhar o percurso!

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  2. Nossa! que bela história de amor de vocês, confesso que me emocionei e me lembrei do poema do nosso poeta Mário Quintana...

    "O amor só é lindo, quando encontramos alguém que nos transforme no melhor que podemos ser."

    Mário Quintana

    bjos

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  3. Escola Maria Fumaça! Quanto tempo... Sabe eu até já me aposentei!
    Mas que bom que as coisas boas da vida sempre guardamos na lembrança.
    Como vocês citaram o 1º encontro na infância, na Maria Fumaça,não poderia deixar de citar Robert Fulghum. "Tudo o que eu preciso mesmo saber sobre como viver, o que fazer e como ser aprendi no Jardim de Infância.
    Aprendi: . a dividir tudo com os companheiros
    . jogar conforme as regras do jogo
    . não bater em ninguém
    . guardar os brinquedos onde os encontrava
    . arrumar a "bagunça" que eu mesmo fazia
    .pedir desculpas, se machucava alguém
    . estudar, pensar, pintar, desenhar, cantar, dançar, brincar e trabalhar, de tudo um pouco, todos os dias".
    FELIPE E ROBERTA!
    Se cuidem um ao outro.
    Se ajudem um ao outro.
    Se compreendam um ao outro.
    Se amem um ao outro.
    ...e sejam muito felizes!
    Beijos, tia Marfi

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  4. Felipe meu genro querido!!! Fiquei super emocionada com a historia do encontro de voces!!! nem preciso dizer que chorei muito, mas foi de emoção.
    beijo grande nos dois e amo vcs

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  5. Que inspiração esta mulher te causou hein meu amigo?!? fico muito feliz pelo encontro de vces! Desejo que as crianças que se encontraram na Maria Fumaça sigam vivas dentro de vces p poderem brincar e se divertir na nova vida a dois que se inicia,,,
    bjo carinhoso,

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  6. Terminei com lágrimas nos olhos! :)Coisa mais linda! Amo vocês!

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  7. Que linda história! O amor vem na simplicidade, né? Ele vai se entremeando na nossa vida e quando vemos já somos dois, e não mais um. Beijos...

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